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21 Março, 2019

Atividades com seniores: boas práticas na conceção e execução

Quando iniciamos uma intervenção neste âmbito, estando responsáveis por dinamizar a área da ocupação dos tempos livres e desenvolvimento pessoal dos seniores, impõe-se o desafio: Quais as atividades que posso/vou/devo dinamizar?

O conceito de “atividade” é sobejamente referenciado nesta área do conhecimento/intervenção. Porém, de modo a que produza efeitos benéficos nas pessoas que as frequentam é fundamental refletir sobre os seus efeitos práticos, desde o seu planeamento, passando pela execução e, por fim, avaliação.

No Ankira pode selecionar as atividades preferidas de cada utente e, ao planeá-las, ter em consideração essas preferências.

Planear atividades implica, à partida, incluir os participantes na seleção das mesmas. Neste caso, os seniores devem participar, ativamente, no seu planeamento e conceção. É certo em que se verificam contextos de ausência de motivação para a execução de atividades de ocupação de tempos livres e desenvolvimento pessoal por partes de alguns seniores, contudo, ainda assim, o método de “propor” e, jamais, “impor”, ganha especial sentido. De reforçar que poderá existir, eventualmente, uma pressão organizacional para o desenho de atividades ditas “brilhantes”. Do meu ponto de vista, as atividades “brilhantes” são aquelas que os seniores propõem porque, efetivamente, essas correspondem aos desejos, interesses e expetativas dos mesmos.

Potenciar

Uma outra questão que se coloca é: Que tipo de considerações colocar em prática para potenciar a qualidade das atividades?

Em primeiro lugar, creio que as atividades não serão, exatamente, a prioridade inicial na intervenção de um profissional. Existe um aspeto-chave no âmbito da intervenção com seniores (creio ser transversal no trabalho social) que passa pelo investimento na criação da empatia com o(s) sénior(es). Numa primeira fase, a dedicação, a disponibilidade, o poder de escuta ativa e a entrega devem ser totais. Nesta fase, iremos conhecer os verdadeiros interesses e sonhos das pessoas com quem vamos desenvolver algo. É aqui que, à semelhança do que Paulo Freire nos dizia, devemos investir na fé, na humildade e no amor. Sem estas competências jamais poderemos almejar o sucesso na realização das ditas atividades “brilhantes”, no sentido partilhado, anteriormente.

Outras duas competências que considero essenciais são a capacidade de adaptação e a criatividade. Intervir junto da população é algo verdadeiramente complexo, não no sentido de quase total impossibilidade de desenvolver um trabalho de qualidade, mas sim por via da heterogeneidade que, aos níveis sociais, culturais e individuais, o sénior e a setor social nos impõe. As ditas pessoas idosas podem integrar-se num escalão etário que se inicia aos 65 (por vezes com idade inferior) e não tem qualquer limite.

Ora, perante este dado objetivo, inferimos que, ao nível de expetativas face à realização de atividades, os interesses são diversos. Acresce o estado de autonomia, padrões culturais, religiosos, entre outros, que contribuem para a heterogeneidade individual entre seniores. A própria tipologia de resposta social, centro de dia, estrutura residencial para pessoas idosas, serviço de apoio domiciliário, clube sénior, entre outros, potenciam de forma inequívoca a chamada capacidade de adaptação do profissional em função do seu contexto. A criatividade é um recurso intangível e que deve assumir presença constante na conceção de atividades para seniores.

Obviamente, que os recursos disponíveis, sejam eles: bibliografia, publicações da especialidade, jogos pedagógicos e dinâmicas de grupo devem ser consultados e investigados. Porém, o nosso “cunho” pessoal deve estar sempre presente. Uma vez mais, em função do público-alvo, das questões organizacionais, contexto geográfico e cultural e dos recursos disponíveis, devemos produzir uma adaptação das atividades a implementar. No final de cada uma delas, devemos sentir como uma atividade única e irrepetível, independentemente da fonte da mesma, isto é, se existe um guião previamente existente.

Avaliar para melhorar

A última componente é a avaliação que assume especial relevo porque, no seguimento do aumento da qualificação dos quadros técnicos responsáveis pela dinamização e supervisão das atividades de ocupação de tempo livre e desenvolvimento pessoal, é adequado que os mesmos dediquem atenção a este nível.

Investigar, refletir, intervir e voltar a refletir sobre dados concretos e objetivos é fundamental para aumentar os parâmetros de qualidade da prestação de serviços nesta área. Valoriza a intervenção propriamente dita, valoriza os profissionais, conferindo rigor científico, mas, sobretudo, valoriza o público-alvo: os “nossos” seniores.

O Ankira disponibiliza as ferramentas para fazer uma avaliação quantitativa e qualitativa de cada atividade, não só como um todo mas também numa perspetiva individualizada.

Para concluir, reforçar a importância de personalizar e individualizar, cada vez mais, as atividades a desenvolver com este público. Tecnicamente, denominamos por atividades de ocupação de tempos livres e desenvolvimento pessoal. Na minha opinião devemos investir mais na componente de desenvolvimento pessoal e, essa sim exige uma verdadeira personalização, tendo em conta a heterogeneidade
individual atrás mencionada. Vamos ter como questão de partida: Como tornar os nossos seniores mais felizes?

É este o desafio que aqui deixo. Que cada leitor(a) siga o seu caminho, mas com esta questão central que, com toda a certeza, irão orientar a intervenção. Aproveito para deixar outro desafio, partilhe os seus resultados, as suas dúvidas e os seus sucessos com os colegas, quer seja numa simples conversa de café, ou nas redes sociais. O importante é partilharmos o poder das nossas ideias para que possamos fazer dos
seniores pessoas mais felizes.

Por Ruben Amorim
Técnico Superior de Educação Social e proprietário da 4Senior