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27 Fevereiro, 2020

Dependência na terceira idade: instrumentos de avaliação

Software para gestão de IPSS, lares de idosos e centros de dia instrumentos de avaliação

O envelhecimento da população resulta, naturalmente, num aumento do “índice de dependência” de idosos. Em 2018, registava-se, em Portugal, uma média de 33,6 pessoas com 65 anos ou mais por 100 pessoas em vida ativa, segundo o Pordata. Sendo a passagem para a terceira idade muitas vezes acompanhada de uma  transição para a dependência física e/ou mental, estes valores alertam para a necessidade de se pensar a dependência na terceira idade, estudá-la e monitorizá-la.  

Atualmente existem diversos instrumentos que permitem a avaliação funcional do idoso. 

A utilização destes instrumentos de avaliação permite analisar o estado do idoso e, consequentemente, obter uma resposta mais completa e adequada dos profissionais. Como consequência, conquista-se uma melhor qualidade de vida para o idoso.

Conheça neste artigo que tipo de análise à dependência deve ser feita e quais os instrumentos mais utilizados para avaliação do grau de dependência na terceira idade. 

A evolução da dependência 

A par do processo normal de envelhecimento, verifica-se um aumento gradual da dependência estreitamente relacionado com um défice físico, mental e funcional. 

A dependência, segundo a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, está relacionada com: 

  • Estruturas e funções do corpo; 
  • Atividades que a pessoa realiza; 
  • Contexto de interação.  

Existem diferentes tipos de transição de graus de dependência. O mais normal é aquele que é antecipado e previsível (saída da vida ativa para a reforma e processo normal de envelhecimento). Mas há também a transição não antecipada, imprevista. Verificam-se como fatores de risco para uma transição imprevista, as seguinte situações: 

  • Perda / luto; 
  • Alterações do modo de vida; 
  • Doença grave;
  • Institucionalização.

De qualquer forma, o aparecimento de uma dependência implica sempre uma transição para uma nova etapa da vida, uma adaptação. 

Avaliação Global 

A avaliação global do idoso identifica o estado de funcionalidade da pessoa, assim como as suas fragilidades e dependências. Desta forma, permite uma resposta direcionada às suas necessidades. 

Esta avaliação deve ser o mais transversal possível. Por essa razão deve analisar desde a audição, passando pela capacidade de aprender, pela mobilidade, até à capacidade de relação com os outros. 

Idealmente, recomenda-se que sejam feitas avaliações nas seguintes categorias: 

Além dos instrumentos usados para avaliar o estado funcional do idoso, é geralmente feita uma avaliação ao idoso que inclui por exemplo o seu estado de saúde e o seu funcionamento psicossocial.

Que tipo de instrumentos existem? 

São muito diversos os instrumentos disponíveis para a avaliação de dependência na terceira idade. A escolha depende – naturalmente – dos objetivos e das disponibilidades técnicas das instituições e simplicidade, fiabilidade e custos dos instrumentos. 

Analisamos alguns dos mais conhecidos e utilizados:  

Índice de Barthel 

Este instrumento, que é um dos mais usados nas instituições para a avaliação do desempenho das ABVD (Atividades Básicas da Vida Diária), foi inicialmente criado em 1965 e deu posteriormente origem a versões modificadas. É aplicado em pessoas vítimas de acidentes vasculares cerebrais, por exemplo, mas também em sujeitos sem patologias específicas.

É composto por 10 atividades e cada uma delas apresenta entre 2 a 4 níveis de dependência. Neste índice são avaliadas as capacidades de: 

  • Alimentação; 
  • Vestir; 
  • Banho; 
  • Uso da Casa de Banho; 
  • Higiene Corporal; 
  • Controlo Intestinal; 
  • Controlo Vesical; 
  • Subir Escadas; 
  • Transferência cadeira-cama; 
  • Deambulação. 

A cotação global deste índice varia entre os 0 e os 100. Quanto menor for a pontuação, maior será o grau de dependência.

Escala de Katz

A escala de Katz surgiu em 1963 para avaliar o funcionamento físico de pacientes com doença crónica e/ou institucionalizados. Tal com o Índice de Barthel, esta escala permite avaliar o grau de autonomia de um idoso nas ABVD, mas neste caso em 6 itens:

  • Controlo de esfíncteres; 
  • Banho; 
  • Utilização da casa de banho; 
  • Mobilidade; 
  • Vestir/ Despir; 
  • Alimentação. 

A pontuação destas atividades para a análise da dependência do idoso varia entre o 1 (Dependente) e os 4 pontos (independente). 

Escala de Lawton & Brody

Esta escala apresentada em 1969 foi desenvolvida para diagnosticar o desempenho de atividades instrumentais de vida diária (AIVD), ou seja em tarefas mais complexas do que atividades básicas dos instrumentos anteriores. O índice contempla 8 atividades: 

  • Cuidar da casa; 
  • Lavar a roupa; 
  • Preparar as refeições; 
  • Fazer compras; 
  • Usar o telefone; 
  • Usar o transporte; 
  • Usar o dinheiro; 
  • Responsabilizar-se pelos medicamentos.

Neste instrumento há uma variação entre os 8 e os 30 pontos, sendo que uma maior pontuação corresponde a uma maior dependência. 

Classificação Funcional da Marcha de Holden

Este instrumento permite analisar a dependência da marcha do idoso, em função do tipo de superfície (plana, inclinada, escadas).

A escala é composta por 6 categorias: 

  • Marcha ineficaz; 
  • Marcha dependente Nível II; 
  • Marcha dependente Nível I; 
  • Marcha dependente com supervisão;
  • Marcha independente (superfície plana);
  • Marcha independente. 

Estes são alguns dos instrumentos mais conhecidos, mas há muitos outros. Na área da saúde tipicamente usam-se por exemplo as escalas de Braden, Morse e Berg. Já na área de apoio psicossocial, é comum aplicarem-se o Mini Exame do Estado Mental e a Escala de Depressão Geriátrica. 

Para um diagnóstico rigoroso, é recomendável a utilização destes instrumentos de avaliação. A sua utilização permite além disso uma uniformização no diagnóstico e a possibilidade de comparar resultados, tanto no que diz respeito ao próprio idoso e à sua evolução, como em relação a outros utentes.

No entanto, estas escalas e índices não substituem uma entrevista ou outras abordagens mais subjetivas, onde podem ser recolhidos outros tipos de informações – muitas vezes cruciais para o planeamento de intervenções. A par disto, uma observação atenta pode também fazer a diferença no diagnóstico. 

Na plataforma Ankira, os instrumentos de avaliação estão presentes nas várias áreas do processo individual (ABVD, AIVD, apoio clínico e apoio psicossocial), havendo depois uma ligação automática ao Plano Individual de Intervenção no momento de o estabelecer ou avaliar.  Neste software encontram-se algumas das escalas mais utilizadas. No entanto, é possível configurar outros instrumentos de avaliação, que mais se adequem a cada instituição. Além disso, estão também disponíveis outras ferramentas para recolha de informação que complementam a avaliação dos utentes.

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