Desporto na terceira idade: benefícios, modalidades e cuidados a ter

A prática de desporto na terceira idade tem sido consistentemente associada à manutenção da funcionalidade do sistema músculo-esquelético, cardiovascular, respiratório e endócrino, numa série de benefícios para a saúde, incluindo um risco reduzido de mortalidade prematura, e dos efeitos deletérios ocasionados pelo envelhecimento (World Health Organization, 2005). 

Assim, a importância do exercício físico na vida do idoso parece ser inquestionável, funcionando como elemento inibidor das causas do envelhecimento e retardador das suas manifestações, estimulando as funções cognitivas, prevenindo a depressão, aumentando a autoestima e promovendo a integração social.

Mas, apesar de o exercício físico ser, de uma forma geral, bastante recomendado, existem modalidades e atividades mais adequadas e é essencial avaliar caso a caso. Não só é preciso ir de encontro às necessidades e preferências individuais de cada idoso, mas também ter em conta o contexto social e as próprias condições e limitações das instituições que prestam esses cuidados.

Importância do desporto na terceira idade

Apesar da idade se apresentar muitas vezes como um obstáculo à prática de exercício físico nos idosos, são vários os benefícios associados. Por exemplo, de acordo com a Fundação Portuguesa de Cardiologia, existem estudos que comprovam que treinar com pesos pode ajudar a diminuir a fraqueza muscular, mesmo com 90 anos. 

Praticar desporto na terceira idade promove a saúde física a vários níveis, tais como:

• Previne o aparecimento de doenças cardiovasculares e respiratórias;
• Promove o equilíbrio e uma respiração correta;
• Fortalece os músculos;
• Ajuda no alívio de dores;
• Ajuda a reduzir o colesterol, diabetes e hipertensão;
• Reduz o tempo de estar sentado, prevenindo a obesidade, osteoporose e artrite;
• Melhora a coordenação motora. Este ponto é muito relevante, uma vez que pode contribuir para reduzir o número de quedas, que, no geral, constituem um motivo de preocupação dado o perigo das suas consequências (ex: deslocação da bacia).

É também importante destacar o papel do desporto em relação à melhoria de certas capacidades cognitivas:

• Reduz as falhas de memória;
• Melhora a capacidade de raciocínio;
• Melhora a qualidade do sono;
• Combate o stress;
• Promove a autoestima;
• Reduz sentimentos de exclusão ou isolamento social.

Como praticar desporto na terceira idade?

De acordo com as recomendações da OMS (2005) e do American College of Sports Medicine (2018), o idoso deve ser encorajado, sempre que possível, a executar duas ou três vezes por semana exercícios de força, exercícios neuromotores, exercícios de flexibilidade e pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico de intensidade moderada a vigorosa. 

De acordo com o American College of Sports Medicine (2014), estes exercícios devem ser acessíveis, convenientes e agradáveis para o participante. A sua realização deve acontecer apenas quando houver bem-estar físico por parte do idoso, sendo de todo importante respeitar os limites pessoais, interrompendo no caso de dor e desconforto. A atividade deve iniciar-se de forma lenta e gradativa, não esquecendo a hidratação, antes, durante e após a mesma. Se porventura a patologia crónica que o idoso tenha não permitir realizar a quantidade recomendada de atividade física, deve, mesmo assim, ser tão ativo fisicamente como as suas habilidades e condições o permitam. 

Existem várias modalidades que promovem a saúde física dos idosos, tais como ginástica, pilates e yoga. Nos lares e centros de dia, é comum assistir a certos exercícios como acertar com a bola num balde, passar a bola entre os utentes e também outros que recorrem até a bolas de pilates. 

Mas apesar dos benefícios já enumerados, é fundamental evitar a sensação de imposição da prática de exercício físico, uma vez que pode afetar a saúde mental. Importa promover atividades que também despertem o interesse e a motivação dos idosos.

Por exemplo, a dança é, em simultâneo, uma atividade física mas também de lazer. Muitas vezes, os idosos conhecem e recordam-se de certas danças tradicionais, provenientes da região onde cresceram e/ou viveram, sendo também um importante momento de partilha de experiências. 

Pequenos passeios ao ar livre podem também ser vistos como menos intensivos, mas igualmente importantes para a mobilidade. 

A procura de soluções que evitassem espaços fechados tornou-se ainda mais relevante durante a pandemia, que tanto afetou os programas de exercício físico nas instituições de apoio a idosos. 

Em primeiro lugar, o distanciamento limitou a realização de atividades de grupo. Em segundo, as próprias medidas de prevenção como o uso de máscara e de viseira trouxeram algumas dificuldades em termos de comunicação e até da própria respiração durante os exercícios. 

No entanto, com recurso a materiais e objectos internos como escadas e cadeiras e, sem dúvida, com a dedicação e criatividade dos profissionais envolvidos,  foi possível realizar, promover e partilhar programas de exercícios, tais como este realizado pelo nosso parceiro ANGES.

 

Quais os principais cuidados a ter?

Preparar atividades individuais e em grupo pode ser um desafio para as ERPI, uma vez que cada utente tem o seu próprio histórico de saúde, com diferentes graus de mobilidade e até mesmo certas preferências e gostos. Todos estes elementos devem constar no Plano Individual do Idoso.

Como tal, é preciso adequar as atividades e contemplar exercícios personalizados e definidos de acordo com as necessidades individuais de cada idoso.

Alguns dos cuidados gerais a ter estão relacionados com a escolha das modalidades e dos exercícios físicos e da sua frequência, duração e repetição. Um correto aquecimento e respetivos alongamentos são essenciais. 

É também importante ter em conta o espaço em si e a utilização de materiais adequados, bem como promover uma alimentação e hidratação adequadas. 

Neste sentido, é extremamente útil ter um software comum para toda a equipa, que permita o acesso em tempo real da informação partilhada pelos médicos, fisioterapeutas e psicomotricistas.

O Ankira permite planear, calendarizar e avaliar as atividades dos utentes, de forma simples e intuitiva. Descubra mais sobre o nosso software e experimente de forma gratuita, durante 15 dias.