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22 Outubro, 2020

Solidão e isolamento social na terceira idade

Solidão e isolamento social

A solidão e o isolamento social são duas realidades diferentes, mas intrinsecamente relacionadas.

Nos dias de hoje, o termo isolamento social tem sido frequentemente mencionado enquanto medida imposta pelas autoridades para impedir a propagação do vírus COVID-19. Este termo define-se como a ausência de contacto com pessoas do quotidiano de cada indivíduo. O isolamento social pode desencadear ou agravar sentimentos de solidão, mas a solidão também pode levar ao isolamento social.

Por sua vez, o conceito de solidão prende-se com a ausência de contacto ou de sensação de pertença que um indivíduo possa sentir, tendo ou não pessoas à sua volta. A solidão pode levar a que a pessoa se isole socialmente, sem que o motivo esteja relacionado com o panorama atual causado pela pandemia.

Quais as causas do sentimento de solidão? 

A solidão é uma situação complexa que pode afetar qualquer pessoa. Porém, tem um enorme impacto entre a população idosa, com especial foco em pessoas com mais de 80 anos. Segundo um estudo promovido pelo CINTESIS em parceria com a ARS do Norte, 9 em cada 10 idosos em tratamento médico sofrem de solidão.

No caso do idoso, a solidão está frequentemente associada à perda de um familiar próximo ou à dependência de terceiros. Contudo, são inúmeras as causas que podem despoletar sentimentos de solidão, relativamente à:

  • Situação laboral / financeira: reforma, desemprego, insatisfação dos rendimentos, baixo nível educacional;
  • Situação familiar: viver sozinho, problemas familiares;
  • Saúde individual: consumo de substâncias aditivas, limitações físicas e comunicativas, doenças do foro psicológico. 

Qualquer um destes exemplos pode ser considerado um fator de risco e pode manifestar-se através de sintomas físicos como transpiração e cansaço, bem como através de sintomas psicológicos. O desinteresse por atividades anteriormente praticadas com gosto pelo indivíduo ou sentir emoções como tristeza, falta de esperança, angústia e receio podem também estar associadas à solidão. Perturbações mentais são também por vezes associadas a certos estigmas e preconceitos que podem reforçar a vontade de estar isolado perante outros. 

Qual o impacto da solidão na saúde?

Dados os fatores acima mencionados, os idosos são um grupo de risco no que diz respeito à solidão, a qual pode conduzir a outras patologias como a depressão. No caso do idoso, é frequente uma constante necessidade de cuidados de saúde e a dependência de terceiros ou de instituições de apoio. Esta perceção de incapacidade pode trazer dificuldades à integração social do idoso, intensificando este ciclo vicioso.

A solidão pode também prejudicar os cuidados médicos, como explica o estudo anteriormente mencionado. Os resultados revelaram uma relação entre o nível de solidão e o consumo de medicamentos. Devido às patologias crónicas associadas ao envelhecimento, o risco de polimedicação em indivíduos com mais de 80 anos é mais elevado. De forma a reduzir o consumo de recursos médicos e a melhorar os indicadores de saúde individuais, é essencial definir estratégias que previnam a solidão.

Como vencer a solidão e o isolamento social? 

Apesar dos desafios associados à institucionalização de um idoso num lar, casa de repouso ou centro de dia, a convivência com pessoas da mesma faixa etária pode ajudar a superar a solidão. 

Algumas ideias e boas práticas:

  • Realizar atividades sociais, como desporto, música, aulas de informática entre outras que estimulam as capacidades cognitivas. Fora do contexto de pandemia, a troca constante de conhecimento, grupos de teatro e dança e outras iniciativas coletivas são excelentes contributos. Contudo, é essencial medir os níveis de participação de cada utente, tendo em conta os seus interesses. O Ankira disponibiliza uma forma de registo das atividades ocupacionais com diversos campos de observação;

  • O contacto com os familiares e amigos é imprescindível. Porém, dadas as circunstâncias causadas pela pandemia, o isolamento veio limitar o convívio físico e acentuar muitas situações de solidão. Como tal, é extremamente importante apoiar emocionalmente o idoso através de chamadas telefónicas ou outros meios de comunicação que estejam disponíveis;

  • Cuidar de animais de estimação tem inúmeros benefícios físicos tais como estimular a mobilidade do idoso. No entanto, o impacto positivo dos animais de estimação verifica-se maioritariamente através do apoio a nível emocional e afetivo do idoso. Existem várias iniciativas e instituições que confirmam estes resultados, tais como o Centro Comunitário da Gafanha do Carmo e o Projeto “Um Amigo Especial”;

  • Criar uma horta estimula a memória e a sensação de ser útil ao contribuir para o crescimento das plantas. Este hábito pode ser ainda mais relevante nos casos em que o idoso é proveniente de um ambiente rural;
  • Colaborar com iniciativas de voluntariado gera satisfação uma vez que o idoso se sente a ajudar o outro. Convém analisar o âmbito de ação das instituições de voluntariado, para que o compromisso esteja alinhado com as necessidades e capacidades dos idosos;

  • Existem outras iniciativas interessantes como a partilha de casa entre idosos e jovens, o que promove a companhia mútua e a troca de conhecimento;
  • No caso de idosos em regime domiciliário, é fundamental o apoio logístico (ex: fazer compras). Também é igualmente importante manter a confiança e autonomia em realizar certas tarefas como preparar uma refeição, de forma a controlar a ansiedade. Se possível, convém não alterar a rotina do idoso, em especial a hora das refeições e da toma de medicação. Contudo, o cuidador e o próprio idoso devem ter em atenção possíveis perturbações no sono;
  • Por último, encontram-se disponíveis linhas de apoio psicológico que providenciam a ajuda de médicos especialistas, tal como a linha de apoio psicológico do Serviço Nacional de Saúde e de outras instituições como da Fundação Bissaya Barreto.

Devido ao contexto que hoje vivemos, algumas destas sugestões colocam alguns desafios para as pôr em prática. Atualmente, o mais relevante é manter a segurança sanitária nas instituições. 

Como tal, o Ankira disponibiliza diferentes dicas para os lares em tempos de COVID-19 bem como incluiu novas funcionalidades como monitorização de sintomas, acompanhamento de casos, registo de limpeza, entre outros. Consulte a nossa brochura e saiba mais sobre todas estas funcionalidades.