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3 Fevereiro, 2022

Controlo de Infeções – Ensinamentos da Pandemia COVID-19

Idoso a desinfectar as mãos - imagem ilustrativa do artigo "Controlo de Infeções – Ensinamentos da Pandemia COVID-19"

Os elevados rácios de mortalidade na população residente em Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI) associados à Pandemia COVID-19, verificados um pouco por todas as sociedades ocidentais envelhecidas, vieram chamar a atenção para a qualidade do cuidado que é prestado nestas estruturas. A disseminação dos surtos que observamos nas ERPI aconteceram, em primeiro lugar, devido à vulnerabilidade e suscetibilidade desta população em relação ao vírus SARS-CoV-2. Mas outros fatores associados a estas estruturas poderão ter potenciado a disseminação do vírus dentro destas estruturas, como é o caso da elevada concentração de pessoas, da debilidade na implementação de práticas de controlo de infeção, entre outros.

Já antes da Pandemia, os estudos evidenciavam que mais de 70% dos residentes em ERPI são infetados uma vez por ano por, pelo menos, por um agente antimicrobiano. As infeções mais comuns nestas estruturas são de quatro tipos: infeções do trato urinário, respiratório, pele e tecidos moles e gastrointestinais. Os surtos são frequentes (Wick, 2006).

É sobre o Controlo de Infeção, tópico importante na avaliação da qualidade destes serviços, que vamos deter a nossa análise e explorar quais os principais ensinamentos que, do nosso ponto de vista, a Pandemia COVID-19 nos deixa para o futuro.

Assim, em qualquer programa de Controlo de Infeções devemos ter em conta os seis elementos que estão presentes na cadeia epidemiológica de transmissão: o tipo de agentes infeciosos, a fonte de infeção, a porta de saída e de entrada, as formas de transmissão e, finalmente, a atenção especial aos hospedeiros mais suscetíveis, como são os residentes nas ERPI.

Medidas de controlo de infeções

Como na maioria das vezes não sabemos à partida quais os agentes infeciosos que temos em presença, devemos adotar as medidas padrão na abordagem a todos os utentes. Assim, no topo das medidas de controlo de infeção está a LAVAGEM DAS MÃOS.

Se hoje a população em geral sabe que a lavagem das mãos é um dos procedimentos mais importantes para prevenir a disseminação do vírus SARS-CoV-2, os profissionais das ERPI têm a obrigação e responsabilidade de incorporá-los na prática ligada à prestação de cuidados. As instituições devem aproveitar a oportunidade de o tema estar na ordem do dia, para sedimentar práticas da lavagem das mãos, promovendo pequenas sessões de formação e disseminando informação sobre como deve ser feita. Para isso, existe abundante material de apoio no site da DGS, sobre quando devem ser lavadas as mãos e como devem ser lavadas as mãos e a sua importância na prevenção de infeções ligadas à prestação dos cuidados.

Lavar as mãos com água e sabão é a melhor forma de eliminar os germes na maioria das situações. Se não estiverem prontamente disponíveis água e sabão, podem utilizar-se dispositivos de solução alcoólica que contenham pelo menos 60% de álcool e que devem ser estrategicamente colocados.

Outro tema que a Pandemia COVID-19 trouxe para ordem do dia, com impacto na gestão diária destas estruturas, está relacionado com o ISOLAMENTO de casos suspeitos ou confirmados, que é uma matéria que deverá continuar a ser implementada, como boa prática no que diz respeito ao Controlo de Infeções.

Formas de transmissão

Esquema sobre formas de transmissão de infeções

Como vemos na figura anterior, as formas de transmissão da infeção podem ser três e, a cada uma delas, correspondem precauções específicas que devem ser observadas:

1. Transmissão por Contacto

É a via mais comum e mais importante de transmissão de doenças infeciosas. A transmissão por contacto direto envolve o contacto direto corpo a corpo – por exemplo ao dar banho ao utente ou ao virá-lo na cama. Pode ocorrer entre um utente e o cuidador ou entre utentes. A transmissão por contacto indireto envolve o contacto do doente com um objeto intermediário, geralmente inanimado, por exemplo objetos pessoais ou brinquedos. Agentes mais comuns nas ERPI e que implicam isolamento de contacto:

  • Clostridium
  • KPC positivo
  • E. Coli – Urina
  • MRSA

Os cuidados a implementar nos isolamentos de contacto são:

Cuidados a ter para prevenir a transmissão de infeções por contacto

2. Transmissão por Gotículas

Ocorre por disseminação de pequenas partículas residuais – com dimensão inferior a 5μm, resultantes de gotículas evaporadas que contêm micro-organismos e que permanecem suspensas no ar por períodos prolongados – ou partículas de pó que contêm agentes infeciosos ou esporos. Os micro-organismos disseminados deste modo podem ser transportados por correntes de ar e ser depositados ou inalados por outros utentes ou pessoal no mesmo quarto ou enfermaria, ou longe do local de origem.

Agentes mais frequentes em ERPI:

  • Pneumonia
  • H1N1
  • Coronavírus

Principais precauções no isolamento:

Cuidados a ter para para prevenir a transmissão de infeções por gotículas

3. Transmissão por aerossóis

Transmissão por via aérea, com partículas menores que 5 micra, que se mantêm suspensas no ar por longos períodos de tempo e em distâncias superiores a 1 metro.

Agentes mais frequentes que requerem o isolamento:

  • Tuberculose pulmonar ou laríngea
  • Vírus Ébola
  • Febre Hemorrágica
  • Varicela Zoster (A+ C)
  • Varíola

As principais precauções estão relacionadas com o isolamento para aerossóis:

Cuidados a ter para prevenir a transmissão de infeções por aerossóis

Outras medidas de controlo de infeções

Associado aos isolamentos, está também o tema do DISTANCIAMENTO FÍSICO, que é particularmente difícil de implementar devido a formas específicas de organização dos espaços, com a existência de salas comuns (salas de estar, salas de atividades, salas de refeição, salas de ginástica ou fisioterapia), que promovem a aglomeração e proximidade entre pessoas. Neste aspeto, há que ponderar o custo-benefício, pois se a proximidade tem desvantagens do ponto de vista da prevenção da infeção, tem outras vantagens psicossociais que não devem ser desprezadas. No entanto, provavelmente há medidas de contingência que foram tomadas neste período excecional, cujo benefício deve ser ponderado na sua manutenção para o futuro, como por exemplo a introdução de mais horários de refeições, permitindo que a refeição se faça em grupos mais pequenos e com uma atenção mais personalizada. Outro exemplo é a obrigatoriedade das visitas acontecerem num espaço diferenciado, diminuindo a probabilidade da entrada de mais agentes infeciosos na estrutura, e do controlo das pessoas que visitam, para ser possível em qualquer momento rastrear os contactos.

Outro dos temas que esta Pandemia veio reforçar é a LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO DOS ESPAÇOS. Sobre este tema, reforça-se a necessidade de mais formação ao pessoal auxiliar em particular, na aplicação prática destes princípios:

  • Do mais limpo para o mais sujo
  • De cima para baixo
  • Do mais distante para o mais próximo

Depois de estabelecidas as prioridades dos espaços, é também importante estabelecer periodicidades e produtos adequados a cada caso.

Nos edifícios mais antigos, que não dispõem de sistemas de AVAC, é também uma prática relevante na prevenção de Infeções o AREJAMENTO DOS ESPAÇOS, através da abertura de janelas e portas que permitam a renovação do ar interior.

O Ankira pode ajudá-lo na implementação de várias destas medidas de controlo de infeções.

  • Pode ser uma ferramenta adequada para a divulgação de mensagens à equipa sobre a importância da lavagem das mãos, dando garantias de visualização por parte das pessoas alvo desta comunicação;
  • Serve de garante da implementação das rotinas de limpeza, através das ferramentas de planeamento e registo da limpeza dos espaços.

Se gostaria de saber mais sobre o Ankira, contacte-nos ou experimente o nosso software gratuitamente durante 15 dias.